Quase 20 ex-alunos denunciam ordem jesuíta na Bolívia por agressões sexuais

Cerca de 20 antigos alunos apresentaram na terça-feira uma queixa-crime contra o mais alto representante da Companhia de Jesus na Bolívia por alegada omissão face a agressões sexuais. múltiplas alegações de abuso sexual cometidos por padres na década de 1970, segundo a defesa das vítimas.

É altura de resolver isto na arena judicial e serão os juízes e não os centros de escuta ou de perdão (da Igreja) que dirão o que deve ser feito”, disse à AFP o advogado das vítimas, José Luis Gareca.

A queixa foi apresentada por 18 antigos alunos de um colégio interno jesuíta em Cochabamba. contra o padre Bernardo Mercado, que é Superior Provincial da ordem desde maio de 2022, após uma longa carreira na Igreja Católica.

O Ministério Público de Cochabamba decidirá nos próximos dias se admite a queixa, na qual 33 outros ex-alunos são citados como testemunhas.

Num comunicado, a Igreja Católica afirmou que “os crimes que podem ter sido cometidos por alguns jesuítas são da sua inteira responsabilidade“.

No entanto, “a Companhia de Jesus na Bolívia será a primeira a garantir que as possíveis sanções que possam merecer“, acrescenta o documento.

Entre as provas apresentadas pela defesa encontra-se o diário do padre espanhol Alfonso “Pica” Pedrajas, que morreu na Bolívia em 2009, aos 66 anos de idade.

Em abril, o jornal espanhol El País publicou as notas de Pedrajas, nas quais ele confessou ter abusado sexualmente de cerca de 85 menoresapós o que vieram a lume mais casos.

As revelações mergulharam a Igreja Católica na Bolívia num escândalo, onde 58% dos 12 milhões de habitantes são católicos.

O Ministério Público boliviano identificou entretanto pelo menos 17 vítimas e 35 alegados autores ligados à Igreja.

Mercado foi denunciado por omissão no crimes de violação, abuso sexual, molestamento sexual e assédio sexual.

“A indemnização é um direito constitucional (…) se não corresponder à parte criminal, terá de ser através da parte civil, mas tem de haver indemnização“, afirmou o advogado Gareca.

Deixe um comentário