O candidato ultra-liberal à presidência da Argentina, Javier Mileifavorito nas sondagens para as eleições de 22 de outubro, confirmou na segunda-feira o seu projeto de dolarização da economia e aconselhou os aforradores a evitarem o peso argentino.
“Nunca em pesos, nunca em pesos. O peso é a moeda emitida pelo político argentino, por isso nem sequer pode valer um excremento, porque esse lixo nem sequer serve para adubo”, disse Milei numa entrevista à Radio Mitre, na qual recomendou a não renovação dos depósitos a prazo em moeda local, um dia depois de um debate entre os candidatos presidenciais.
O valor do dólar no mercado oficial, controlado pelo governo, manteve-se em 365 pesos na segunda-feira. No mercado informal, por outro lado, o ‘dólar azul’ ou dólar paralelo bateu um recorde e foi negociado a 945 pesos, com uma diferença de mais de 160% em relação à taxa oficial.
Milei, favorito nas sondagens para a primeira volta das eleições, tinha dito há dias que “quanto mais alto está o dólar, mais fácil é dolarizar”.
Na mesma segunda-feira, o Banco Central garantiu que “o sistema financeiro argentino apresenta uma sólida situação de solvência, capitalização, liquidez e provisionamento” e que a sua política monetária “procura manter o poder de compra da poupança através da remuneração dos depósitos a prazo fixo”.
“As poupanças dos argentinos depositadas no sistema financeiro estão protegidas por um seguro de depósitos e pelo papel do Banco Central da Argentina, que actua como prestamista de última instância” ou garante, afirmou o banco num comunicado.
Milei reiterou que tem “a convicção de fechar o Banco Central, o que é feito operacionalmente através da dolarização. Mas depois as pessoas escolherão a moeda que quiserem.
A Argentina está a sofrer uma grave escassez de divisas que está a corroer as suas já reduzidas reservas internacionais, no meio de um processo inflacionista que fez subir o índice de preços para mais de 120% em 12 meses até agosto.
Em 14 de agosto, um dia depois de Milei ter sido o mais votado nas primárias (29,8%), o ministro da Economia e candidato presidencial da União pela Pátria (peronismo de centro-esquerda), Sergio Massa, desvalorizou o peso em cerca de 20%.