Ataque de Gaza. A partir das 5h30 de hoje, o grupo palestiniano Hamas lançou pelo menos 2.500 rockets a partir da Faixa de Gaza, numa ofensiva sem precedentes contra o território israelita. Esta ofensiva foi acompanhada por uma incursão de milicianos, que entraram em confronto com soldados e fizeram reféns. Segundo a imprensa local, mais de 250 israelitas foram mortos e pelo menos 1.452 ficaram feridos. O comandante Mohammed Deif, das Brigadas Ezedin Al Qassam – o braço armado do Hamas – afirmou que “este é o dia da grande batalha para acabar com a última ocupação do planeta”. Segundo o Hamas, foram disparados mais de 5.000 rockets.
Reféns. Em cidades como Ofakim ou Sderot, no sul de Israel, houve relatos de civis e militares israelitas levados à força para a Faixa de Gaza por milicianos palestinianos. Foram também divulgadas imagens de milicianos a apoderarem-se de veículos militares israelitas. Calcula-se que tenham entrado entre 200 e 300 milicianos do Hamas e que haja ainda cerca de 60 em 14 pontos diferentes de Israel. Até ao momento, fala-se em cerca de 50 reféns.
O porta-voz da Jihad Islâmica, Daoud Shihab, disse que não libertará os reféns israelitas enquanto o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não fizer o mesmo com os prisioneiros palestinianos.
O apelo de Netanyahu. No seguimento da ofensiva do Hamas, Netanyahu referiu que “estamos em guerra, na guerra temos de manter a calma. Apelo a todos os cidadãos de Israel para que se unam a fim de alcançar o nosso maior objetivo: a vitória na guerra. “O inimigo vai pagar um preço que nunca conheceu”, acrescentou.
Operação Espadas de Ferro. Netantahu disse que os objectivos da chamada “Operação Espadas de Ferro” serão triplos: “limpar a área das forças inimigas infiltradas e restaurar a segurança e a paz nos colonatos que foram atacados”, “exigir um preço enorme ao inimigo na Faixa de Gaza” e “reforçar outros cenários para que ninguém cometa o erro de se juntar a esta guerra”.
O exército israelita afirmou que dezenas de caças atingiram 17 alvos militares do Hamas, enquanto os responsáveis palestinianos falam já de 232 mortos na Faixa de Gaza em resultado dos ataques israelitas.
Condenação internacional. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, condenou os ataques do Hamas, observando que “isto é terrorismo. Israel tem o direito de se defender”. “Esta violência horrível deve cessar imediatamente. A União Europeia manifesta a sua solidariedade para com Israel nestes tempos difíceis”, acrescentou o representante para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.
Através da porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, os EUA condenaram “os ataques não provocados do Hamas contra civis israelitas. O terrorismo não tem justificação. Apoiamos firmemente o governo e o povo de Israel e enviamos as nossas condolências pelas vidas israelitas perdidas nestes ataques”.
Reação do Chile. O governo chileno também reagiu, expressando “a sua absoluta condenação dos ataques ocorridos hoje contra várias cidades de Israel, que causaram a morte de cerca de 40 pessoas e dezenas de feridos, muitos deles vítimas civis”. “Ao mesmo tempo, o governo chileno expressa as suas condolências às famílias das vítimas e a sua solidariedade para com o povo de Israel”, acrescenta o comunicado.
“O Chile considera essencial relançar, com o apoio da comunidade internacional, o processo de negociações directas e de boa fé entre as duas partes, que conduza a um acordo de paz justo, completo e definitivo. Isto, no quadro da solução de dois Estados, reconhecendo o direito de Israel e da Palestina a coexistirem em paz, dentro de fronteiras seguras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, em conformidade com as resoluções adoptadas pelas Nações Unidas”.
“Parabéns” do Hezbollah e do Irão. A milícia xiita Hezbollah felicitou o Hamas por aquilo a que chamou uma “operação heróica em grande escala” em “resposta aos crimes contínuos da ocupação[israelita]e aos constantes ataques a locais sagrados”.
Por sua vez, Rahim Safavi, conselheiro do líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, afirmou que “felicitamos os combatentes palestinianos… apoiaremos os combatentes palestinianos até à libertação da Palestina e de Jerusalém”. O presidente palestiniano Mahmoud Abbas afirmou que o seu povo tem o direito de se defender do “terror dos colonos e das tropas de ocupação”.
O papel do Egipto. No seu papel de mediador no conflito israelo-palestiniano, o Egipto afirmou estar a manter “contactos intensos” para travar a atual escalada. As conversações estão a ser lideradas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sameh Shokri, e tiveram lugar “a todos os níveis para conter a crise”, noticiou o El País.
Falha na segurança. O analista de segurança da BBC Frank Gardner observou que “este é um fracasso colossal dos serviços secretos de Israel. Israel dispõe de uma das mais extensas e sofisticadas redes de informação do Médio Oriente, tanto a nível interno como externo. Os seus informadores estão infiltrados em grupos militantes não só nos territórios palestinianos, mas também no Líbano, na Síria e noutros países.
“No passado, foi capaz de assassinar líderes militantes com ataques precisos de drones ou mesmo com telemóveis armadilhados. E hoje, no final de uma festa judaica, parece ter sido apanhado de surpresa. O Hamas conseguiu planear e lançar este ataque coordenado contra Israel sob total secretismo. É um dado adquirido que Israel vai responder com força maciça, mas agora os israelitas vão perguntar-se como é que os espiões da sua nação não conseguiram evitar isto e avisar o país”, acrescentou.